Hoje em dia é useiro e vizeiro a novelinha “Malhação” apresentar uma menina que sofra de anorexia ou bulimia.
A coisa se desenvolve, a menina faz uma ou duas sessões de terapia e pronto! Está tudo resolvido.
Certamente,
mostrar a doença alerta para o assunto, entretanto, o desfeche da
história não é satisfatório, pois se apresenta de forma simples, fácil
de resolver e isso pode levar as pessoas a não darem tanta importância à
doença.
Algumas podem
simplesmente se identificar com a personagem doente, entretanto, pode
deixar o tratamento para mais tarde, pois não é nada que não se possa
resolver.
Na verdade,
as duas doenças são muito perigosas e nada fáceis de serem curadas.
Aliás, nenhuma doença de cunho psicológico é simples ou fácil de ser
curada.
Muitos são os fatores que levam uma pessoa a adquirir as duas doenças, mas todos estão ligados a auto-estima.
A maioria dos
psicólogos culpa a ditadura da moda pela existência da doença, pois as
mulheres se acostumam a conhecer como “bonito e perfeito” corpos
extremamente magros que aparecem nas páginas das revistas femininas.
Eu culpo o
preconceito e a intolerância das pessoas pelo surgimento e
desenvolvimento da doença, pois se os seres humanos soubessem respeitar
as diferenças, certamente nenhuma menina se acharia feia por estar com
alguns quilinhos a mais.
É importante
saber que uma doença é completamente diferente da outra e que um
paciente pode ter sintomas de uma ou, pior, das duas.
A anorexia ou
ANA, como é chamada hoje, normalmente ocorre com meninas acima do peso.
A menina para de comer, emagrece e ainda sim continua tendo em sua
mente a imagem de quando estava “gordinha” e se nega a se alimentar.
O doente não
tem uma visão real do seu corpo, portanto não acha que está doente ou
que está fazendo algo extremamente destrutivo.
É muito
difícil reconhecer um anorético, pois não apresenta nenhum sintoma
aparente, além da magreza, mas basta convidá-lo para uma refeição e
observar um pouco mais atento, que os sintomas se tornam evidentes.
O anorético
coloca pouquíssima comida no prato e, normalmente, folhagens.
Dificilmente um anorético colocará em seu prato algo que tenha que
mastigar muito, pois o ato de mastigar fará com que se lembre que está
comendo e isso lhe causará mal estar.
O anorético
pode até colocar em seu prato “coisas” que jamais chegará a comer, mas
que estarão ali para não causar qualquer desconfiança em quem lhe
acompanha na refeição.
Algumas
desculpas usadas para perda de uma ou duas refeições também são muito
usadas: “Não tive tempo de almoçar”; “É muito tarde para jantar”; “Não
dá tempo para tomar o café da manhã”...
O corpo chega
a um ponto em que não tem mais o que perder e a balança começa a
“descer” mais devagar, então o anorético passa a usar de subterfúgios
para perder mais peso.
Alguns litros
de água são ingeridos pelo anorético para que o estômago tenha a
sensação de estar cheio. Gomas de mascar dietéticas também são usadas
para o mesmo fim.
Suco de limão
e vinagre são ingeridos pela manhã para não sentir fome e laxantes para
eliminar qualquer vestígio de alimento no organismo.
Não
precisamos dizer que a falta de alimentos no estômago e o uso excessivo
de laxantes podem provocar graves doenças gástricas e intestinais.
A bulimia, ou
MIA, como é chamada, pode apresentar dois tipos de pacientes distintos:
O paciente que come demais e acredita que “colocando para fora” irá
equilibrar sua refeição e o paciente anorético que se utiliza desse
subterfúgio para emagrecer ainda mais.
A bulimia é mais uma doença associada à estética.
Normalmente,
pacientes que passam por uma dieta muito rigorosa ou que conscientemente
tentam uma reeducação alimentar, mas que, inconscientemente não a
desejam, acabam tendo sintomas de bulimia.
A bulimia é
mais grave nos pacientes anoréticos, pois além de não se alimentarem ou
se alimentarem mal, colocam para fora tudo que ingerem.
Essas
doenças, assim como qualquer doença psicossomática, é muito difícil de
ser diagnosticada e tratada. Na maioria dos casos, apenas após ser
internado por mais de uma vez, o paciente admite ser tratado e, mesmo
após o tratamento, não se pode garantir a cura.
Os
adolescentes são os que mais sofrem com essas doenças, entretanto não se
pode afirmar que uma pessoa com mais idade não esteja desenvolvendo a
doença.
Mesmo após um
tratamento “eficaz”, uma vez anorético ou bulimico, sempre se deve
ficar atento, pois a doença pode voltar ao menor sinal de crise ou
adversidade.
A anorexia causa morte em 20% dos casos.
Vamos dizer não à sociedade hipócrita que destrói a mente e os corpos dos nossos jovens.
Vamos celebrar as pessoas normais!
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